Ganhos dos caminhoneiros diminuem com alta dos custos do transporte rodoviário

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Valor Econômico
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Aumentos de custos do transporte rodoviário no Brasil têm botado lenha na insatisfação de caminhoneiros, que volta e meia ameaçam com greves. Mas os custos têm produzido outro reflexo bem mais perceptível: uma pressão contínua sobre os preços pagos pelos consumidores por produtos que dependem diretamente da logística das estradas.

Levantamento da plataforma Fretebras mostra que nem de longe a alta de 37,25% do diesel S500 em agosto ante o mesmo mês do ano passado chegou aos fretes rodoviários — que, na comparação, subiram pouco mais de 7% no caso das cargas gerais e 1,56% para o transporte de itens do agronegócio —, o que mantém viva a pressão por reajustes e alimenta as ameaças de uma nova greve dos caminhoneiros.

Segundo a NT&C Logística, que representa transportadoras, de janeiro a julho o preço médio do frete rodoviário no Brasil subiu 7,1%, mas o custo médio para o segmento aumentou 28% — houve novos aumentos em agosto, mas ainda não foram contabilizados pela entidade.Somente o diesel subiu 28% nesses sete meses, mas também houve outras altas, como as dos pneus (30%) e da mão de obra (8%) — sem falar nos preços dos caminhões, que subiram até 50%, a depender do modelo.

Para as transportadoras, o diesel representa 35% dos custos de trabalho, em média, enquanto para os caminhoneiros autônomos o combustível pesa entre 25% e 50% no custo total. “Apenas para compensar o diesel, o frete para os autônomos teria que ter subido 15%. Se pensarmos no agronegócio, a situação é pior ainda”, afirma Lauro Valdívia, assessor técnico da NT&C.

Economistas destacam o papel decisivo dos combustíveis na inflação deste ano. Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco Alfa, projeta alta de 8,5% em 2021 na inflação medida pelo IPCA, sendo que a alta dos combustíveis dentro do indicador deve ficar acima de 30%. Para ler esta matéria, clique aqui