Nelson Soares: “A nossa defesa é que tenha um imposto único sobre os combustíveis”

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Notícia Max
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O aumento sucessivo nos preços dos combustíveis em todo país tem se transformado em um verdadeiro ‘vilão’ no bolso da população brasileira. Pensando nisso, a reportagem do Notícia Max entrevistou o diretor executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindipetróleo - MT), Nelson Soares, para falar sobre o assunto.

Para ele, o Governo do Estado é o maior agente beneficiário com a arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) dos combustíveis e defende a cobrança de uma taxa única no Brasil.

“O Governo do Estado, que é quem recebe o ICMS, acaba tendo um ganho adicional de receita toda vez que o petróleo sobe e perde recursos quando esses produtos caem. A nossa defesa é que tenha um imposto único no Brasil inteiro e que ele seja fixo”, disse ao Notícia Max.

A fala faz alusão à proposta do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que prevê uma alteração no valor do ICMS, como forma de diminuir os impactos causados aos consumidores.

Notícia Max - Por que a Petrobrás vem anunciando aumentos consecutivos no preço dos combustíveis?

Nelson Soares – A gente está observando um aumento constante, desde dezembro principalmente, no entanto, mais acentuado, no preço do barril do petróleo e quando isso acontece, interfere na precificação da Petrobrás, pois ela usa esse parâmetro para atualizar o preço dela. Também neste período a gente tem observado uma desvalorização do real em relação ao dólar, o que influencia, pois ela precisa de mais reais para comprar o produto lá fora, e é o que ela faz, exporta e também importa combustível.

Quando você tem uma defasagem do preço externo para o interno favorece a importação, ou seja, se a Petrobrás estiver vendendo mais barato aqui dentro do que o mercado internacional, os importadores aumentam seus volumes e prejudica o escoamento de seus produtos. Então, ela não pode deixar que essa disparidade ficasses tão grande, porque ela para de vender e o mercado começa a comprar produto do exterior.

Se o petróleo tiver uma queda e o real se valorizar perante o dólar, consequentemente o preço irá abaixar. O que as tendências indicam agora é que esse movimento ainda deve continuar, porque a oferta manteve a redução da produção e com as vacinas que estão crescendo no mundo todo, a economia está voltando à normalidade e aumentando a demanda, todo mundo consumindo mais. Como o produto está escasso a tendência é que os preços subam, no entanto, são avaliações que a gente faz de forma bem superficial, pois é um mercado extremamente complexo, mas a tendência é que continue subindo em curto prazo.

Notícia Max - Como senhor vê a proposta de Bolsonaro de alterar o ICMS sobre os combustíveis?

Nelson Soares – A gente tem feito estudos e demonstrado para o Governo que não tem como você ter um imposto que ele sobe de acordo com o preço do produto. O Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) ele sobe quando o preço na bomba de combustível sobe. Então, o Governo do Estado, que é quem recebe o ICMS, acaba tendo um ganho adicional de receita toda vez que o petróleo sobe e perde recursos quando esses produtos caem. A nossa defesa é que tenha um imposto único no Brasil inteiro e que ele seja fixo.

Notícia Max - Por que o etanol está tendo esse aumento, tendo em vista que MT é um dos grandes produtores de cana de açúcar?

Nelson Soares – Primeiro, por que a soja está 150% mais cara se Mato Grosso é o maior produtor do país? Então, a mesma coisa com etanol. O milho subiu, o óleo diesel e principalmente quando você tem um aumento na gasolina, você abre um espaço para fazer a recomposição da margem do etanol, porque a usina fala: “bom se eu posso chegar até 70% na bomba do preço da gasolina, vou recuperar minha margem”. Esses fatores contribuem.

Quando você tem o dólar valorizado, sobe o preço do fertilizante, adubo, tudo que é importado e insumo de etanol sobe, aí tem outro componente que ajuda entender porque o etanol sobe e o óleo diesel principalmente.

Notícia Max – O senhor vê o risco de uma nova paralisação dos caminhoneiros devido ao aumento do diesel?

Nelson Soares – Eu acredito que não. As medidas que o Governo Federal tem tomado mostram claramente que com caminhoneiros existe um entendimento que vai haver alguma mudança nesse processo, fazendo com que eles tenham um certo alívio, é o mercado. O que tem que subir é preço do frete, que vai refletir no preço dos produtos. Se um insumo do frete que é o diesel está subindo, ele vai ser transferido no preço do frete e manter o ganho dos caminhoneiros.

Notícia Max - Qual o papel que o sindicato desenvolve hoje e a importância dele para sociedade?

Nelson Soares – O Sindipetróleo é uma sociedade associativa e que luta pelos direitos dos revendedores que fazem parte da categoria do comércio de combustíveis, representando eles nas sociedades públicas e privadas, além de proporcionar cursos, treinamentos, formação, capacitação dos seus associados e colaboradores.

Não é nossa função fazer qualquer tipo de fiscalização, nosso caráter é meramente orientativo aos empresários.