Petrobras sobe gasolina e gás de botijão

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O Estado de S.Paulo
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A Petrobras reajustou a gasolina e o gás liquefeito de petróleo (GLP) em 7,2%. É a segunda alta de combustíveis em dez dias. Na semana passada, a empresa havia elevado o valor do óleo diesel em 9%. Novos aumentos não estão descartados.

A Petrobras voltou a anunciar aumento de preço para os combustíveis. Desta vez, reajustou a gasolina e o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, em 7,2%. Essa é a segunda alta anunciada em dez dias. Na terça-feira da semana passada, a empresa já havia revisado o valor do óleo diesel em 9%.

Novos aumentos ainda podem vir pela frente, já que os preços internos não estão completamente alinhados aos do mercado internacional. A empresa, em nota, admite que repassou apenas parte das oscilações do preço do petróleo, afetado pelo crescimento da demanda mundial e pelo câmbio.

“Esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, afirmou a empresa. Esse argumento tem sido usado de forma recorrente pela Petrobras para justificar suas altas de preços, em meio às pressões políticas.

Os reajustes da Petrobras estão no centro de discussão em Brasília. A empresa até segurou o preço da gasolina por 58 dias e o do GLP, por 98 dias. Mas, frente às oscilações externas do petróleo e do câmbio e da cobrança do mercado financeiro para que não ceda a intervenções do governo, como no passado, a petrolífera anunciou os novos reajustes.

Na semana passada, o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, convocou uma coletiva de imprensa às pressas para dizer que, apesar das pressões, manterá a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), por meio da qual mantém os preços dos seus produtos equiparados aos de concorrentes importadores.

Após sua fala, o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira, passaram a direcionar o ataque ao ICMS cobrado pelos Estados, que, pela versão de ambos, seriam os verdadeiros responsáveis pelos altos preços dos combustíveis.

Na composição do preço dos combustíveis entram, além do ICMS, a fatia da Petrobras; a cobrança dos tributos federais Cide e Pis/pasep e Cofins; a fatia da distribuição e revenda; e ainda o custo do etanol anidro, no caso da gasolina, e do biodiesel, no caso do óleo diesel.

Gás. O reajuste do GLP nas refinarias será de 7%, mas, para o consumidor final, o aumento deve ser maior, segundo a Associação Brasileira das Entidades Representativas da Revendas de Gás LP (Abragás). Além de uma possível recuperação da margem das distribuidoras, os revendedores dizem que precisam cobrir o aumento de custos, entre eles, o do combustível utilizado no transporte do botijão.

“Os aumentos de preços, além de pesar muito aos consumidores, atingem diretamente o capital de giro dos revendedores, quanto mais caro o gás, mais dinheiro precisamos colocar no caixa para sustentar o fluxo”, afirmou a entidade, em nota.

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás) também vê pressão de custos sobre a revenda, com possível repercussão para o consumidor. “Com este porcentual, vemos pressão muito forte sobre as revendas, que terão dificuldade de repassar seus custos, já elevados pelo preço do diesel e gasolina, insumos importantes para eles. Temos de observar se haverá retração na demanda”, diz o presidente da entidade, Sérgio Bandeira de Mello.

‘Viés político’. Bolsonaro afirmou ontem que tem conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a condução da política econômica nacional. “Tenho falado com o Paulo Guedes, não basta a economia, você tem de ter viés político”, afirmou ele. Apesar disso, Bolsonaro garantiu que não vai interferir na Petrobras ou determinar o congelamento de preço dos combustíveis. “Não tenho poder sobre Petrobras”, disse. “Já tivemos experiência de congelamento no passado.”

Apesar da insatisfação com a alta dos preços, Bolsonaro também disse que não haverá rompimento de contratos em seu governo. “Quando se fala em combustível, nós somos autossuficientes, mas por que esse preço atrelado ao dólar? Eu posso agora rasgar contratos? Como é que fica o Brasil perante o mundo?”, questionou ele.