Petróleo beira US$ 120 e recua com oferta saudita

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Depois de uma forte alta pela manhã, os preços do petróleo — que encostaram em US$ 120 ao longo do dia ontem — perderam fôlego com a expectativa de que a Arábia Saudita vá suprir a falta da produção líbia. Pesou ainda a declaração do presidente Barack Obama, de que os Estados Unidos podem “superar a situação na Líbia”. Além disso, no início da noite circularam rumores de que o ditador líbio Muamar Kadafi teria sido assassinado.

Pela manhã, devido a rumores de que três quartos da produção na Líbia estariam paralisados por causa dos conflitos, o barril do petróleo do tipo Brent  atingiu US$ 119,79, seu maior patamar desde agosto de 2008. A cotação depois recuou para encerrar a US$ 111,36, em alta de apenas 0,1%. Mais tarde, no pregão eletrônico, o barril recuou mais de 1%, para US$ 110,51.

Riad contactou petrolíferas, diz fonte do governo

Em Nova York, o barril do tipo leve americano fechou em queda de 0,8%, para US$ 97,28, depois de atingir o patamar de US$ 103,41, o mais elevado desde setembro de 2008.

Segundo o jornal britânico “Financial Times”, a Arábia Saudita teria procurado petrolíferas europeias com a promessa de compensar a perda do óleo da Líbia. Uma fonte do governo saudita disse ao “Times” que Riad estaria perguntando “que quantidade e que qualidade de petróleo elas (as refinarias europeias) querem”. Ele explicou que o país tem suprimentos de emergência em torno de 4 milhões de barris por dia — a produção da Líbia em janeiro era de 1,6 milhão de barris por dia. Do total de petróleo produzido na Líbia, 79% são exportados para a Europa.

A fonte ressaltou que a Arábia Saudita ainda não decidiu elevar sua produção, mas pode fazê-lo se necessário. Operadores estimam que o país possa aumentar sua produção em 1 milhão de barris diários em apenas 24 horas.

Na Europa, as bolsas refletiram a cotação mais elevada do petróleo. Londres recuou 0,06%, Paris, 0,09%, e Frankfurt, 0,89%. Mas as petrolíferas recuperaram parte das recentes perdas. Total subiu 1,52%; Eni, 1,29%; BP, 0,92%; e Repsol, 1,62%. Em Nova York, os mercados ensaiaram uma recuperação. O índice Dow Jones recuou 0,31%, enquanto a Nasdaq avançou 0,55%.

No mercado brasileiro, depois de a Petrobras subir quase 7% em três dias, os investidores aproveitaram o recuo na cotação do petróleo para embolsar ganhos. Os papéis preferenciais (PN, sem voto) da empresa caíram 1,18% ontem, a R$ 28,37. Nos três dias anteriores, a alta foi de 4,90%. Já as ações ordinárias (ON, com voto) perderam 1,82%, para R$ 32,41, depois de avançar 6,69% na semana.

Bolsa de SP avança 0,06%, e dólar recua 0,65%, a R$ 1,664

Para o economista-chefe da Legan Asset Management, Fausto Gouveia, é natural haver alguma correção:

— Mas as ações da estatal dão sinais de que vão começar a operar em um patamar mais elevado — afirmou.

Sem ganhos em Petrobras, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou quase estável. O Ibovespa, principal referência do mercado, avançou 0,06%, aos 66.948 pontos. TAM PN e Gol PN avançaram 3,10% e 3,47%, respectivamente, recuperando-se das perdas recentes.

Já o dólar recuou 0,65%, para R$ 1,664, em dia de elevado volume de negócios. O Banco Central (BC) fez dois leilões de compra da moeda americana no mercado à vista.

O Globo