ANP avalia autorizar delivery de combustíveis, mas postos de gasolina se mostram contrários

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Folha de S.Paulo
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A Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) está avaliando a possibilidade de autorização ainda em 2020 da atividade de serviço de entrega de gasolina em domicílio, ou seja, serviços de delivery. Essa ação já vem gerando polêmica no mercado de combustíveis do país nos últimos tempos.
Na visão das distribuidoras e postos de gasolina, as operações podem ocasionar risco ao abastecimento, caso não sejam efetuadas respeitando as regras de segurança.

“Eu sou obrigada a ter caixa separadora nos postos para armazenar o resíduo de chuva, sou obrigada a ter piso impermeável…”, afirmou a presidente do Sindcomb, Maria Aparecida Siuffo Schneider. “É possível imaginar que a ANP tenha fiscais suficientes para andar atrás de carrinhos e garantir que as regras sejam cumpridas?”, completou.

Por outro lado, de acordo com os defensores do serviço de delivery, a atividade já vem sendo realizada em outros países e que a competição é saudável para os consumidores.

O superintendente-adjunto da ANP, Marcelo da Silva, afirma que se o teste do serviço for aprovado, deverá ser com tempo e área geográfica pré-determinados e, além disso, os abastecimentos serão acompanhados por técnicos. Marcelo ainda destaca que o próprio aplicativo de delivery impõe algumas restrições.

“Toda mudança gera ruído, é normal. Quando a Uber apareceu, gerou um ruído danado”, explicou o superintendente da agência. De acordo com ele, a ANP ainda não decretou a deliberação do serviço, mas que está “avaliando quais as condições para permitir que a empresa atue”.

A companhia pioneira a pedir autorização da ANP para fazer atividades de delivery de combustíveis foi a GOfit, do Rio de Janeiro. A empresa começou a atuar em 2019, oferecendo gasolina e etanol à domicílio, porém vem sendo contestada na Justiça.

Algumas fontes do setor ressaltam que outras empresas estão olhando esse novo mercado com bons olhos. Embora a iniciativa seja inovadora, a ANP ainda não emitiu autorização, ressaltando que é necessário estabelecer regras para a prestação dos serviços sem riscos aos consumidores e profissionais da área.

O preço do diesel teve alta de 0,24% no período, para R$ 3,8 por litro, em média. O preço do etanol também subiu na semana. O avanço foi de 0,19%, para R$ 3,247 por litro.
Os valores são uma média calculada pela ANP com dados coletados em postos em diversas cidades pelo país. Os preços, portanto, variam de acordo com a região.
Preços na refinaria
Na quinta-feira (23), a Petrobrás informou que o preço médio da gasolina e do diesel nas refinarias seria reduzido em 1,5% e 4,1%, respectivamente, a partir desta sexta-feira.

Neste mês, já é a segunda vez que a estatal corta o preço dos combustíveis. Em 14 de janeiro, a estatal diminuiu o valor da gasolina e do diesel em 3% nas refinarias.

A redução no preço do combustível tem como pano de fundo a queda da cotação do petróleo no mercado internacional.