A Gazeta: Gás natural concorre com o etanol

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Abastecimento com gás natural veicular (GNV) gera economia de 40% a 50% em relação ao etanol. O metro cúbico é vendido desde segunda-feira (21) no posto Santa Elisa, em Cuiabá, por R$ 2,59, enquanto o litro do biocombustível varia de R$ 2,31 a R$ 2,69. A economia é atrativa, mas a conversão do veículo para uso do gás enfrenta gargalos, como a pouca oferta de modelos originais de fábrica e a falta de garantia por parte das montadoras para os automóveis convertidos, dizem profissionais autônomos e taxistas.

"(O GNV) é uma alternativa muito viável para a população, especialmente pelos altos preços dos combustíveis líquidos. Tenho certeza que vai trazer muitos ganhos para a economia local. O posto Santa Elisa sempre acreditou nessa matriz energética e vai continuar levantando esta bandeira”, afirma o empresário Luiz Flávio Blanco Araújo, administrador do posto Santa Elisa.

Nelson Soares Junior, diretor do Sindipetróleo/MT, também avalia que o produto aumenta a oferta de combustíveis ao consumidor e oferece maior rentabilidade. “Mas, avaliamos com cautela e esperamos que desta vez, de fato, não tenha interrupção no fornecimento, que é o grande problema, porque o consumidor e as empresas têm que preparar o carro e a estrutura, o que custa dinheiro. É preciso que o governo seja contundente ao afirmar à população que não vai mais faltar o gás”.

Além da incerteza no abastecimento, taxistas e motoristas autônomos revelam alguns receios para investir. “Há um outro fator que é custo-benefício. Tem o custo de R$ 500 para fazer a vistoria e mudar a documentação do veículo no Detran. Além disso, algumas concessionárias não aceitam a mudança do combustível para o GNV. Pelo que temos conhecimento, apenas uma concessionária oferece a garantia, mas exige uma série de coisas do motorista”, informa Cleber Cardoso, presidente da Associação de Motoristas de Aplicativo de Mato Grosso (AMA/MT).

Há cerca de 4,8 mil motoristas na atividade em Cuiabá e Várzea Grande, que são o público potencial para o consumo de GNV na visão da MT Gás. Adailton Bispo, vice-presidente do Sindicato dos Taxistas de Cuiabá (Sintac), afirma que os profissionais estão inseguros e esperando abastecimento constante do GNV para fazer o investimento nos veículos. Há cerca de 200 táxis movidos a gás na Capital, cerca de 35% da frota. Segundo ele, nem todos têm condições de investir em um modelo a gás de fábrica e não há garantia das demais fábricas na conversão.

Dilceu Lorenzet, diretor executivo da GNC Brasil (empresa que detém a concessão para distribuição do gás natural), informa que 4 indústrias já consumiram cerca de 40 mil (m3) de gás em menos de 15 dias. A meta é atingir consumo mensal de 35 mil (m3) no posto de combustível e 5 empresas estão na fila para fazer a conversão para o gás. “A meta é chegar ao abastecimento de 750 mil m3/mês até o fim de 2020. Pela demanda, acreditamos que vai superar”.

O governo firmou contrato firme de gás com a Bolívia para fornecimento de 1,5 milhão de m3/mês.