Petrobras reajusta gasolina em 9% e diesel em 5,5%

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Valor Econômico
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Os preços da gasolina praticados pela Petrobras sobem 53,76% no ano enquanto no diesel a alta acumulada é de 40,44%. Esses percentuais de aumento foram alcançados ontem após a companhia anunciou novo reajuste para os combustíveis nas refinarias, de 8,8% para a gasolina e de 5,5%, no caso do diesel. Dessa forma, o preço do litro de diesel sobe em R$ 0,15, a R$ 2,86. Já o litro da gasolina teve aumento de R$ 0,23 para média de R$ 2,84. Os reajustes são válidos a partir hoje.

Esse foi o sexto reajuste da gasolina no ano e o quinto do diesel em 2021, em linha com a variação do câmbio e a alta dos preços do barril de petróleo no mercado internacional. A commodity tem se valorizado desde o início do ano em meio ao avanço da vacinação contra a covid-19. Decisões recentes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de manter cortes de produção nos próximos meses, além de tensões no Oriente Médio, levaram o barril nos últimos dias a tocar os US$ 70 pela primeira vez desde o início da pandemia.

Cálculos da Agência Nacional do Petróleo (ANP), no entanto, mostram que a variação registrada nas refinarias ainda não foi totalmente sentida pelos consumidores. Segundo a agência, os preços do litro do diesel S10 nos postos de gasolina acumulam alta de 15,64% no ano até sexta-feira. A gasolina subiu 17,11% nos postos no período.

Os novos aumentos nos preços da Petrobras foram bem recebidos no mercado, mas analistas permanecem céticos quanto à continuidade da política da companhia de paridade com os preços internacionais. A desconfiança ocorre depois da decisão do presidente Jair Bolsonaro de não reconduzir o atual presidente da petroleira, Roberto Castello Branco. O anúncio da indicação do general da reserva Joaquim Silva e Luna para o cargo ocorreu no mês passado e veio junto a críticas sobre o repasse de preços praticados pela estatal. O mandato de Castello Branco vai até 20 de março.

“O aumento de hoje é, de certa forma, positivo, pois diminui o hiato em relação aos preços internacionais, mas é também inconclusivo, pois a partir desse mês pode haver mudanças operacionais que levem a companhia a não buscar mais a paridade”, afirma o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

Além disso, o mais recente aumento ainda não garante que a petroleira esteja cumprindo integralmente a paridade com os preços internacionais. Sobretudo após o final de 2020, a estatal passou a ser alvo de críticas de importadores e distribuidores de segurar os repasses.

Cálculos do banco Goldman Sachs apontam que, após o reajuste mais recente, os preços da estatal ainda estão 8% abaixo dos internacionais no caso do diesel. Para a gasolina, a defasagem estimada é de 11%. Já a consultoria Stonex calcula que os preços no momento estão em linha com os internacionais, tendo, inclusive, espaço para uma pequena redução, de R$ 0,013 no preço do litro do diesel e R$ 0,024 na gasolina.

Por outro lado, a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que a Petrobras praticamente zerou as defasagens no caso da gasolina. Para o diesel, a entidade ainda calcula uma defasagem. Antes de a estatal anunciar o aumento de 8,8% no preço da gasolina e 5,5% no preço do diesel, a associação apontava que os preços da petroleira estavam cerca de 10% abaixo dos internacionais na gasolina e 9% no caso do diesel. Ainda assim, o presidente da Abicom, Sérgio Araújo, concorda que o cenário segue muito incerto para os importadores devido às dúvidas sobre a política de preços após a troca de comando na estatal.