Preços Petrobras oscilam nestes dias 6 e 7 de outubro; política da estatal divide opiniões

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Nas refinarias, a Petrobras subiu em 0,5% preço do diesel e reduziu em 0,7% a gasolina nesta sexta, dia 6. Para este sábado, dia 7, o reajuste ficou em aumento de 1,9% no preço da gasolina e alta de 0,6% no preço do diesel.

Na quarta-feira, a estatal informou reduções de 1,3% no preço do diesel e de 0,3% no preço da gasolina para o dia 5.

A Petrobras avalia todas as condições do mercado para se adaptar, o que pode acontecer diariamente. Além da concorrência, na decisão de revisão de preços, pesam as informações sobre o câmbio e as cotações internacionais. 

Em vigor desde julho, política de preço da Petrobras divide opiniões
Com Agência Brasil 

Para o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, não há dúvida de que os reajustes irão refletir no cálculo da taxa da inflação deste ano. “Preços livres, como hortifrutigranjeiros, por exemplo, que vêm com uma variação bastante baixa nos últimos meses, de certa forma tendem a sentir o impacto do reajuste da gasolina e, principalmente, do diesel”, disse.

Em agosto, o Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial – registrou 0,19%, influenciada pela alta no preço dos combustíveis, que foi de 6,67% no período. O litro do etanol ficou, em média, 5,71% mais caro, enquanto o da gasolina subiu 7,19%, por causa do do aumento de 11% na alíquota do Programa de Integração Social e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) e da política de reajuste da Petrobras.

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), André Braz, avalia que os aumentos serão temporários. Para ele, os preços nas bombas sofrem neste momento também influência do limite de oferta de combustível no mercado internacional por causa dos recentes furacões nos Estados Unidos, o que acaba encarecendo a gasolina. Com o fim dos efeitos do fenômeno climático, os preços voltarão à normalidade. 

“Se houver restrição da oferta do petróleo, isso pode fazer com que o preço da Petrobras suba. Se o real se desvalorizar frente ao dólar, dado que a gente importa gasolina, isso também pode influenciar no preço da bomba. São essas duas questões que podem fazer essa flutuação acontecer”.

Na avaliação de Braz, quando os preços eram ajustados uma ou duas vezes ao ano, as quedas nos preços não eram sentidas pelo consumidor. “A falta de uma política coerente de prática do preço que está acontecendo no mercado internacional nos lesa mais, nos deixa reféns de reajustes que caem de paraquedas uma vez ou outra. Agora, não. A gente pode colher os benefícios de uma queda nos preços ou de uma valorização do real, traduzidos em uma queda no preço da gasolina, quando isso acontecer. E se o preço do petróleo (no exterior) cai, a gente já vai ver um combustível um pouco mais barato na bomba. E essa chance agora é real, dada a política atual de preços. No passado, não era”.

Para a professora de Engenharia de Transportes do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe-UFRJ), Suzana Khan, o aumento é razoável, porque os preços ficaram represados durante muito tempo, causando inúmeros prejuízos para a companhia. Porém, reconhece que o aumento do combustível pode afetar o consumo, já que as transportadoras repassam os custos para o produto final vendido ao consumidor.

“Quem acaba sendo mais prejudicado é o consumidor, que tem o seu produto final mais caro”, afirmou.

A novidade – de ajustes frequentes – acaba por confundir o consumidor que não consegue acompanhar as mudanças, segundo o coordenador da Área de Serviços da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Carlos Confort.

Ele defende que o ideal seria alterações com periodicidade certa para permitir que os consumidores pudessem se preparar para isso. “A gente vê com certa preocupação porque, às vezes, o consumidor não consegue se planejar para esses aumentos e até controlar seus gastos para abastecer [veículo próprio], que são gastos fixos e acabam ficando variáveis. A gente sabe que, quando aumenta, aumenta para todo mundo; mas quando diminui, nem sempre diminui para todo mundo”.