Argentina investe no etanol para agregar valor ao milho

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A Argentina está tentando conduzir a todo vapor seu plano de destinar mais grãos à produção de combustíveis como o etanol, o que desperta mais preocupações com os preços dos alimentos. O país já é um líder global na produção de biodiesel de soja e atualmente transforma boa parte de sua cana-de-açúcar em etanol. Agora está se voltando também para os talas de milho produzidos nos Pampas, que podem se tornar rica fonte de energia.

A Argentina é o segundo maior exportador mundial de milho, depois dos Estados Unidos. Uma série de companhias está investindo centenas de milhões de dólares no etanol de milho para usufruir do programa de estímulo da Argentina. O governo tornou a promoção dos biocombustíveis uma prioridade, como forma de aumentar o valor agregado para os grãos do país. Os produtores têm lucro garantido, já que o governo estabelece um preço mínimo que as refinarias pagam para misturar os biocombustíveis ao petróleo do país.

Jornal do Commercio (RJ)
s exportadoras Bunge e Aceitera General Deheza se uniram para investir US$ 201 milhões em uma fábrica de etanol de milho com capacidade anual de 140 milhões de litros na Argentina. O projeto, chamado ProMaiz, vai mais do que dobrar a capacidade de produção de etanol, que totalizou 122 milhões de litros em 2010, de acordo com o governo.

Apenas o ProMaiz deve preencher 30% da cota de mistura de biocombustíveis no país.

A companhia Vicentin, a Associação Argentina de Cooperativas e a Bio4 também estão levando adiante planos de construir fábricas de etanol na província de Córdoba. Atualmente, na Argentina a proporção da mistura de etanol na gasolina é de 3,5%, embora o mandato oficial seja de 5%. Até 2012, deve chegar a 8%, segundo ò diretor regional do Conselho Latino-Americano e Caribenho de Energia Renovável, Carlos Saint James.

EXPECTATIVA. Ele acredita, porém, que o país vai se atrasar para alcançar esses objetivos. A expectativa é de que, neste ano, a produção de etanol atinja 150 milhões de litros. Até 2012, a Argentina deve produzir 330 milhões de litros de etanol de milho por ano, mais do que os 243 milhões de litros de etanol de cana, segundo Saint James.

"Certamente isso não é boa notícia para a indústria global de carnes ou para países preocupados com a inflação dos alimentos", disse o vice-presidente de pesquisa da

MF Global, Rich Feltes. Produtores locais de milho dizem, no entanto, que os temores são exagerados.

Segundo o diretor da associação de produtores de milho Maizar, Martin Fragui, a produção de milho da Argentina vai ter de aumentar para acompanhar a nova demanda por etanol. Ele acrescentou que, além disso, os subprodutos do etanol, como os farelos de grãos, podem ser destinados à alimentação de aves, suínos e bovinos.

De acordo com Fragui, até 2012 os produtores de etanol da Argentina estarão usando 200 mil a 300 mil toneladas de milho por ano, o que deve aumentar para 500 mil a 600 mil toneladas em 2013 e quase 1 milhão de toneladas até 2014. Trata-se de uma parcela relativamente pequena da produção total de milho do país. Produtores da Argentina devem produzir um recorde de 29 milhões de toneladas de milho durante a temporada 2011/2012, exportando 20 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
 

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