Ceará: Começa a faltar combustível em vários postos no Interior

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Com o aumento da demanda provocado pelas campanhas eleitorais nos Municípios, começa a faltar combustível em vários postos no Interior do Ceará. Nas duas últimas semanas o problema agravou-se. Na cidade de Acopiara, localizada na região Centro-Sul, desde último sábado, falta gasolina e diesel em dois pontos de venda. Além da alta no consumo, impulsionada pelo período eleitoral, ocorrem o estrangulamento do terminal do Porto do Mucuripe e a demora na chegada de navios abastecedores, provocando a irregularidade e escassez dos produtos.

Apesar da falta de combustíveis, não houve aumento no preço do produto nos últimos seis meses. Em Fortaleza, no Porto do Mucuripe, desde sábado passado, que a fila de caminhões tanques se estende. A espera para abastecimento nos terminais ultrapassa três dias. "Estamos sem combustível desde sexta-feira passada", disse a gerente do Posto Luíza, na cidade de Acopiara, Leneide Dias. "O nosso caminhão está parado em Fortaleza, sem saber quando retorna". Essa mesma situação enfrenta o empresário Miguel Weima Bezerra, em Iguatu. "Há duas semanas que a situação piorou e estamos enfrentando muitas dificuldades", contou. "Mando o caminhão para Fortaleza e depois para o Rio Grande do Norte atrás de gasolina". Bezerra já foi pegar combustível em Pernambuco e na Bahia em um esforço para evitar a falta do produto para os clientes. "A Petrobras não agiu, não fez nada e a situação está piorando. É tortura diária atrás de gasolina". Na cidade de Várzea Alegre, o empresário Kléber Correia confirma a dificuldade de donos de postos sem bandeira (livres) para obter os derivados do petróleo e o etanol. "Estou pegando combustível no Porto de Suape, em Pernambuco. Em Fortaleza, as dificuldades são enormes". Muitos empresários antecipam o envio de caminhões tanques, como estratégia para evitar o desabastecimento. "Antes, a gente só fazia o pedido e despachava o caminhão, três dias antes do produto acabar nos tanques, mas agora temos que antecipara o pedido e o pagamento", disse o gerente de posto, Manoel Brito. A assessoria de Imprensa do Sindicato dos Revendedores de Combustível do Ceará (Sindipostos) confirmou a existência da crise parcial de desabastecimento tanto em Fortaleza, quanto no Interior. O problema é decorrente do atraso na chegada e descarregamento de navios no Porto do Mucuripe que está congestionado e aumento significativo da demanda. Houve ainda, remessa de carga de gasolina em desconformidade com o padrão do combustível que é distribuído no Brasil com a adição de etanol. O Sindipostos confirmou que a preferência na distribuição de combustível é para os postos que têm bandeira, isto é, há contrato com as distribuidoras. As empresas livres enfrentam mais dificuldades para adquirir o produto. Ainda de acordo com o sindicato, a partir de hoje a distribuição deve começar a se normalizar. A direção do órgão vai permanecer acompanhando a situação. O Brasil é autossuficiente em produção de Petróleo, mas precisa importar gasolina de países da África, do Oriente Médio e da Venezuela, pois apresenta capacidade limitada de refino do combustível. Somente a Petrobras refina a gasolina e repassa para as distribuidoras. Na cidade de Iguatu, o preço do combustível é o menor dentre os praticados pelos postos na região Centro-Sul. O preço do litro da gasolina varia entre R$ 2,69 a R$ 2,76; o etanol varia entre R$ 2,29 a R$ 2,32; e o diesel entre R$ 2,12 a R$ 2,15. O preço da gasolina mais caro é em Várzea Alegre, cujo litro custa R$ 3,01. Crateús Há vários meses o consumidor deste Município não sente no bolso a elevação no preço de combustíveis. Exceção para o diesel, que há dois meses teve aumento, passando de R$ 2,06 para 2,19, em média, na maioria dos postos da cidade. A gasolina e o álcool não tiveram elevação nos últimos meses. "Abrimos o posto aqui em março e de lá para cá não houve aumento", destaca Plínio Silva, gerente do Posto Único, localizado no centro. Porém o desabastecimento tem sido um problema constante ultimamente no referido posto. Chegou a faltar na bomba durante um dia, segundo o gerente. Ele diz que a falta ocorre em Fortaleza e não acredita que decorre do aumento nas vendas durante o período eleitoral, em que ocorre maior movimentação de veículos na cidade. O posto está transportando combustível de Teresina (PI), para driblar a falta e garantir o abastecimento. Nos demais postos da cidade não têm ocorrido falta de combustível.

Juazeiro do Norte

Enquanto em alguns postos já houve falta de gasolina, nos últimos meses, desde que se intensificaram as campanhas político-eleitorais, em outros o consumo até diminuiu em Juazeiro do Norte. Os fornecedores têm uma cota determinada para o abastecimento dos postos e, com o aumento do consumo, alguns deles ficaram sem condições de abastecimento. Em setembro, com a festa de Nossa Senhora das Dores, houve um consumo elevado. Para a gerente do posto Shopping, Simone Silva, já foi registrada falta de combustível. Ela disse que houve um pequeno aumento do preço da gasolina, direto do fornecedor nesse período, mas o valor não foi repassado para o consumidor final. A média fica em R$ 2,78. No postos Crajubar, no bairro Triângulo, na entrada da cidade, não tem sido registrada grande movimentação nesse período, mas o frentista ainda calcula uma média de aumento do consumo de até 10%. As variações de preços de um posto para outro, principalmente da gasolina, podem chegar a até R$ 0,7. Valor 2,76 reais é o preço máximo, em média, cobrado pelo litro da gasolina em postos de Municípios do Centro-Sul do Estado. Há risco de desabastecimento na região. O Sindipostos confirmou que a preferência na distribuição de combustível é para os postos que têm bandeira definida

Demanda chega a crescer até 30%

Russas O aumento do consumo de gasolina nos últimos meses dificulta o trabalho dos postos em atender à demanda. Em um dia de carreata realizada na cidade, chegou a faltar gasolina em um posto e superlotar os outros três localizados nos arredores da avenida principal. Segundo um frentista que preferiu não se identificar, a movimentação no posto onde ele trabalha cresceu muito neste período de campanhas eleitorais. "De julho pra cá, tivemos um aumento de 30% na venda de gasolina comum", explicou. Porém, esse acréscimo tornou difícil manter o produto nas bombas. "Houve uma carreata em que faltou gasolina, e isso acaba atingindo todos os postos de combustíveis do Centro. Nos últimos dez dias, faltou gasolina por três vezes aqui", contou ele. Rafael Bezerra, gerente de posto de gasolina, confirma que, além do aumento no consumo nos últimos meses, a maior dificuldade tem sido o armazenamento no Porto do Mucuripe, que não consegue atender a todos os postos. "Os nossos reservatórios em Fortaleza, onde a gente recebe combustível, é antigo e o armazenamento é pouco. Por causa disso, a procura cresce e o armazenamento não. Chegamos a ficar sem gasolina duas vezes no mês de setembro", explicou ele. Além da falta de gasolina, a superlotação nos postos em dias de comícios ou carreatas, tem gerado muitas reclamações por parte dos motoristas. "Dia de carreata é horrível. Tem muita gente, falta gasolina, é difícil de comprar e de pagar", desabafou Francisco Valdeci, cliente do posto. Outro cliente, que preferiu não se identificar, diz que procura abastecer no horário da manhã, quando o movimento é menor. "É chato você ir em um posto à noite nessa época de eleição, porque sempre tem muita gente, é muito desorganizado. Às vezes, você está com pressa para abastecer e acaba ficando estressado por conta da demora". Sete postos de combustíveis atuam no mercado da sede em Russas. Destes, quatro estão localizados nos arredores da avenida principal, sendo os mais procurados pelos clientes. Zona Norte No Município de Santana do Acaraú, onde os postos estão fechados há uma semana, por decisão da Semace (ver matéria da Página 2), os moradores buscam formas alternativas de abastecimento, porém, dizem não saber como solucionar o problema durante o pleito de domingo. O agricultor Manoel Ribeiro Filho diz estar pensando que irá votar "montado em um jumento", pois não tem mais dinheiro para cobrir os custos com o combustível, diante da elevação do produto nos últimos dias. Crato Neste Município, a média de preços dos combustíveis, na maioria dos postos, mantem-se estável há cerca de cinco meses. A variação é entre R$ 2,79 e R$ 2,85 para a gasolina comum e de R$ 2,17 e R$ 2,24 para o diesel. De acordo com os frentistas dos estabelecimentos pesquisados, cada empresa repõe o estoque de uma a duas vezes, por semana. Apenas em alguns postos, durante o período da campanha eleitoral, onde os fregueses cadastrados pelos candidatos enviam ordens de abastecimentos, o fluxo de veículos cresceu. A maior movimentação de consumidores é entre os horários das 6h30 às 8h e de 17h às 19h30. No Posto Crato, abastecido por várias distribuidoras, o diesel subiu três centavos. A superlotação nos postos em dias de comício ou carreatas tem gerado muitas reclamações por parte dos motoristas e demais moradores. Tem eleitor na Zona Norte que está se programando para ir votar montado em jumento diante da falta de gasolina em seu Município.