Com preço em alta, Raízen produz energia na entressafra pela primeira vez

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A alta no preço da energia, causada pela menor oferta, tem levado o setor sucroalcooleiro a aumentar a expectativa de ganho com a cogeração de energia. A Raízen (empresa resultante da união entre Shell e Cosan que reúne os negócios de combustíveis e energia) decidiu pela primeira vez manter ativa a operação de cogeração de energia durante o período de entressafra.
 
A unidade escolhida foi a de Jataí, no interior de Goiás, por conta da oferta de biomassa, usada na produção de energia. "O Brasil depende de chuvas para gerar energia, mas os reservatórios estão baixos, o que elevou a procura por fontes alternativas", explica João Alberto Abreu, diretor de Bioenergia e Tecnologia da Raízen.
 
Até agora, a Raízen produzia energia durante sete meses do ano. Agora, no caso da usina goiana, estendeu esse período para nove meses. Os outros três meses do ano servem para a empresa fazer a manutenção dos equipamentos, que são desmontados, limpos e montados novamente para o início da próxima safra.
 
Ao aumentar de sete para nove meses a utilização dos equipamentos de cogeração, diz Abreu, a produção de energia de uma usina cresce 20%. Essa capacidade adicional pode ser vendida no mercado spot, como são conhecidos os contratos eventuais para compra de energia.
 
Das 24 unidades produtoras da Raízen, 13 agregam a cogeração de energia. "Estamos analisando todas as unidades com potencial. Na próxima entressafra a tendência é que mais unidades produzam energia", afirma Abreu.
 
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As usinas de açúcar e álcooll usam principalmente o bagaço, a palha e as pontas da cana para produzir energia. O primeiro projeto de cogeração no País é de 1987. Uma tonelada de cana processada resulta em cerca de 250 quilos de bagaço e 200 quilos de palha e ponta. Com o avanço da colheita mecanizada da cultura, a queima da palha (feita para facilitar o corte manual) diminuiu, permitindo o seu uso na cogeração. Algumas plantas têm equipamentos que processam outras matérias-primas, como sobras de madeira.
 
Atualmente, segundo Zilmar José de Souza, especialista em Bioeletricidade ligado à Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), apenas 3% do consumo de energia no País vem da cogeração de energia. De 2011 para 2012, o crescimento da produção desse tipo de energia foi de 24%, mas Souza acredita que neste ano a expansão será em um ritmo mais lento. Isso porque, segundo ele, o governo tem priorizado o setor eólico nos leilões de energia, fixando preços melhores, o que diminui a competitividade das usinas de açúcar e álcool e desestimula esse tipo de produção de energia.
Portal iG/Economia