Diretoria vai ter de explicar como nunca detectou desvio bilionário

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A teleconferência sobre os resultados trimestrais da Petrobrás, marcada para hoje, deverá ser comandada por Almir Barbassa, diretor financeiro desde 2006. Ele tem a missão de justificar aos investidores como nunca detectou o desvio de cifras bilionárias da companhia. Há apreensão sobre o registro de uma “baixa contábil” no balanço financeiro do trimestre, quando ele finalmente for apresentado, em dezembro. Só então o mercado saberá o impacto da alta do dólar sobre o endividamento da estatal, hoje acima de US$ 100 bilhões.

Quem também terá papel central na apresentação, e no futuro da companhia, é o diretor de exploração e produção, José Formigli. A área operacional é o único pilar que ainda sustenta a
Petrobrás. Entre julho e setembro, a companhia atingiu média de 2,09 milhões de barris produzidos por dia, alta de 5% ante o trimestre anterior. A produção de gás subiu 7%.
A meta da companhia é ampliar em 7,5% ante 2013 e, apesar da expansão contínua nos últimos nove meses, nada está garantido. São necessários mais 287 mil barris de óleo por dia para alcançar o objetivo. Até dezembro, a estatal ainda receberá mais uma plataforma. Outras quatro foram conectadas desde janeiro e ainda podem ampliar a capacidade de produção, com novos poços.
A melhora vem, sobretudo, do pré-sal. No dia 28 de outubro, foram registrados 640 mil barris por dia, e os primeiros testes nas áreas de Libra e Tartaruga Verde darão fôlego até o final do ano.
Outro ponto positivo do balanço operacional é a alta de 4% na produção de derivados, em relação a 2013. A carga processada chegou a 2,138 milhões de bpd. Segundo o comunicado, a estatal está utilizando 100% da capacidade das refinarias, o que preocupa entidades sindicais. O parque antigo dá sinais de esgotamento, mesmo com recentes obras de melhorias realizadas – os contratos dessas obras foram os alvos do esquema de desvios na estatal.
O resultado reforça a pressão para o início da produção na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. A previsão era a primeira semana de novembro, mas a companhia não entregou todos os documentos para autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). Mais um sinal da “paralisia” em tempos de crise, como relatam funcionários. A agência, agora, analisa a papelada.
O Estado de S. Paulo