Dívida da Petrobras bate no teto e Graça Foster reforça pleito por reajuste

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O lucro líquido da Petrobras caiu 20% no segundo trimestre de 2014, na comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 4,96 bilhões. O desempenho teve forte impacto do aumento das perdas da área de refino, que fecharam o período com prejuízo de R$ 3,883 bilhões no segundo trimestre, alta de 54,7% com relação ao registrado entre abril e junho de 2013. Mas, embora tenha frisado que houve evolução operacional entre o primeiro e o segundo trimestre, a presidente da companhia Maria das Graças Foster, voltou a cobrar aumento dos preços dos combustíveis, como solução para sua enorme dívida, que chegou a R$ 241 bilhões, 9% superior à registrada no final do ano passado.

Todo o material de divulgação foi calcado nas comparações entre o primeiro e o segundo trimestre de 2014, quando, de fato, há melhora em praticamente todos os indicadores operacionais. O lucro operacional, por exemplo, cresceu 17% no período. A produção e o processamento de petróleo em refinarias nacionais também avançaram, provocando queda nas importações de combustíveis. O alto endividamento, porém, teve um impacto negativo de R$ 800 milhões no resultado, levando o lucro líquido a registrar queda de 8% nesta comparação. Com a captação de US$ 15 bilhões no período, a Petrobras fechou o trimestre com piora em seus indicadores financeiros: a alavancagem subiu de 39% para 40% e o índice de dívida líquida sobre EBITDA subiu de 3,52 para 3,94.

Em sua mensagem aos acionistas, Graça volta a relacionar a melhora dos indicadores a novos reajustes nos preços dos combustíveis. “Encerro esta carta aos nossos investidores e acionistas reafirmando que o crescimento da produção de petróleo, gás natural e derivados, especialmente diesel e gasolina, já é uma realidade em nosso dia a dia”, diz a executiva. “Assim, em paralelo aos aumentos de produção e redução de custos, buscamos a convergência dos preços de derivados no Brasil com os preços internacionais, de tal forma a tornar factível o atendimento dos indicadores financeiros, endividamento líquido/EBITDA e alavancagem, nos limites e prazos impostos à diretoria colegiada pelo Conselho de Administração em novembro de 2013.”

A cobrança vem sendo feita, com maior ou menor veemência, de forma recorrente nas últimas divulgações de balanço da estatal. Mas não parece sensibilizar o governo, acionista majoritário da companhia, diante dos riscos de impactos inflacionários em ano eleitoral. A defasagem da cesta de combustíveis vendidas pela empresa com relação ao preço do petróleo no mercado internacional caiu um pouco no trimestre, quando os produtos foram vendidos pela empresa a um preço médio de US$ 101,05 por barril, contra a cotação do Brent de US$ 99,02 por barril. No trimestre anterior, o preço interno foi de US$ 95,97, um pouco abaixo da cotação de US$ 98,02 do petróleo negociado em Londres.

A empresa anunciou também melhores condições de importação de gás natural liquefeito para abastecer as térmicas no país, com o fechamento de contratos a preços mais favoráveis no mercado internacional. O lucro da área de gás e energia cresceu 21,6% com relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 702 milhões. Segundo Graça, a perspectiva é que o segundo semestre seja de menores importações de GNL, uma vez que a oferta nacional do combustível deve crescer 20%, com a interligação de novos poços produtores. Serão 33 poços, com os quais a empresa conta para cumprir sua meta de produção, de 2,1 milhões de barris por dia — no segundo trimestre, a produção média foi de 2,01 milhões de barris por dia.

O “crescimento sustentado” da produção, diz a empresa, é fruto da interconexão de 17 poços produtores no segundo trimestre, em plataformas que vêm começando a produzir ao longo de 2014. E é um sinal de que, depois de anos de estagnação, os indicadores operacionais da companhia podem ajudar a compensar parte das perdas com defasagens nos preços dos combustíveis. Outro fato relevante para o final do ano, diz Graça, é o início das operações da primeira etapa da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que, aliado à modernização das refinarias existentes manterá a curva de produção de combustíveis em crescimento.“Esses fatores permitirão reduzir em cerca de 30% nossa importação de petróleo e derivados frente ao realizado neste 1º semestre.

Brasil Econômico