Economia de combustível, nos EUA

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A ótima reportagem de Lucianne Carneiro e Fabiana Ribeiro, publicada semana passada no GLOBO, mostra que os brasileiros pagam mais caro por automóveis semelhantes aos que circulam na Europa e nos EUA. As diferenças de preço chegam a 106% e a margem de lucro dos fabricantes seria o triplo da de outros países. O problema é que não são apenas preços e margens que estão defasados, mas os carros. Os nossos são muito mais ineficientes.
 
Para minimizar essas diferenças, o projeto que altera o regime automotivo brasileiro prevê incentivos fiscais de acordo com o uso de conteúdo nacional, o investimento em inovação e, principalmente, a eficiência energética. O problema é que a proposta circula há alguns meses pelos gabinetes de Brasília, sem definição. Havia uma expectativa de que pudesse ser divulgada em agosto, mas o governo se limitou a prorrogar por mais 60 dias a isenção de IPI para o setor.
 
Contratada pelo governo para estudar o assunto, a consultoria IHS Global Insight propôs uma meta de redução de 20% nas emissões de CO2 até 2017. Para isso, as montadoras teriam que reduzir o volume médio de lançamentos das atuais 170 g de CO2/km para 135 g de CO2/km. Próximo ao que é praticado hoje na Europa. A avaliação seria feita pelo Inmetro. Em cinco anos, todos os veículos já sairiam das fábricas com a etiqueta do órgão indicando o nível de CO2 emitido.
 
Para alcançar essa meta, as empresas teriam que investir em tecnologias que, hoje, não são muito comuns por aqui, como a injeção direta de combustível, a direção elétrica e o sistema start/stop, que desliga o motor do carro ao parar no sinal de trânsito e religa quando o motorista pisa no acelerador. Também seriam feitos investimentos na eficiência do motor e na redução do peso do veículo, com o uso de materiais mais leves, como o alumínio.
 
O novo regime automotivo não terá qualquer incentivo ao carro elétrico, mas deve ter um capítulo para os carros velhos. A ideia é incentivar a reciclagem, que seria feita pelas próprias montadoras. Mas isso ainda precisa ser detalhado. O fato é que as empresas não estão gostando nem um pouco das propostas. Acostumadas a serem bajuladas, elas esperam seguir com a mesma vida que tiveram até agora. Mesmo que isso as torne menos competitivas.
 
O Globo