Energia poluente na Rio+20

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O governo brasileiro vai gastar R$ 3,8 milhões com a compra de óleo diesel, combustível altamente poluente, que será usado na geração de energia elétrica na Rio+20, evento que discutirá justamente alternativas de desenvolvimento sustentável. O Itamaraty já fez os empenhos — autorizações de pagamento — para a Petrobras Distribuidora, fornecedora do combustível que abastecerá os geradores de energia elétrica instalados em diferentes espaços onde ocorrerão as reuniões relacionadas à conferência.
 
O óleo diesel comprado pelo Comitê Nacional de Organização da Rio+20, ligado ao Itamaraty, é o B20 S50, com a composição de 20% de biodiesel e 80% de óleo diesel propriamente dito. O combustível é considerado como detentor de baixo teor de enxofre e, conforme planos e resoluções da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), deve ser adotado neste ano por caminhões — os postos de gasolina devem se adaptar à novidade. O óleo diesel foi lançado pela Petrobras em 2009, com emissão de 50 partes por milhão de enxofre (por isso o nome S50), quantidade bem inferior às 500 partes por milhão emitidas pelo combustível mais utilizado até então. Mas, na geração de energia elétrica, o uso de combustíveis fósseis — como o óleo diesel — é considerado como um dos mais poluentes entre as alternativas existentes.
 
O Itamaraty confirmou ao Correio que alguns espaços do Rio de Janeiro locados para a Rio+20 utilizarão exclusivamente o óleo diesel para gerar energia elétrica. O combustível comprado da Petrobras — 1,8 milhão de litros, a um custo unitário de R$ 2,12 — abastecerá inclusive geradores do principal espaço do evento, o Riocentro, em que chefes de Estado e as delegações dos países estarão reunidos. No caso do Riocentro, segundo o Itamaraty, o uso de energia será compartilhado: a eletricidade será fornecida pela Companhia de Energia Elétrica Light e por geradores instalados no local. Já o Parque dos Atletas e o Píer Mauá, além de alguns pavilhões externos, serão abastecidos exclusivamente por geradores movidos a óleo diesel.
 
Geradores também servirão como substitutos e só serão acionados em caso de interrupção do fornecimento pela Light. “Esses geradores são a garantia de que não haverá apagões”, justifica a coordenação de imprensa do Comitê Nacional de Organização da Rio+20. “O B20 S50 é a melhor opção de biodiesel no mercado, por não ser tão poluente. Os geradores são necessários para não sobrecarregar o sistema.”
 
O óleo diesel foi comprado da Petrobras com dispensa de licitação. É o mesmo caso de mais nove compras feitas pelo Itamaraty para a Rio+20, efetuadas no último mês. Essas nove aquisições terão um custo total de R$ 12,9 milhões e se referem a serviços de coquetel, tradução em tempo real, instalação de pisos, locação de mão de obra (como motoristas) e consultoria técnica. “Como a conferência está começando, não é possível falar de cada caso específico de dispensa de licitação. Todos os casos seguem a Lei nº 8.666 (Lei de Licitações)”, justifica o Itamaraty.