Etanol celulósico em breve chegará aos postos

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Os primeiros litros de etanol celulósico produzidos na fábrica da GranBio em Alagoas, a Bioflex 1, devem em breve chegar aos postos do Estado. Uma ação de marketing está sendo preparada para marcar a primeira venda do biocombustível de segunda geração a uma distribuidora, diz o vice-presidente da GranBio, Manoel Carnaúba Cortez, que não quis dar mais detalhes sobre a ainda secreta estratégia de divulgação.

A fábrica começou a operar em setembro em São Miguel dos Campos e, até meados de novembro, havia fabricado no total um pouco mais de 600 mil litros de etanol celulósico a partir da palha da cana. Todo o suprimento de matéria-prima vem do centro de distribuição, localizado no entorno da fábrica.

Lá a GranBio tem estocados 160 mil toneladas de palha coletadas há pelo menos um ano das usinas da região. Mas o fluxo anual de colheita deste ciclo 2014/15 vai atingir um volume próximo de 350 mil toneladas da biomassa retirada das quatro usinas parceiras. Quando estiver operando com capacidade total – produzindo por ano 82 milhões de litros de etanol celulósico -, a Bioflex 1 estará demandando 420 mil toneladas de palha anuais. Além de buscar outros parceiros, a companhia também pretende deter um canavial próprio. Entretanto, a variedade a ser plantada não será a tradicional, mas uma com um nível de biomassa quatro vezes maior.

A “cana energia”, como é popularmente chamada, deve ser lançada pela GranBio em 2015, diz o coordenador da estação experimental da Vertis, braço de pesquisa do grupo, Hugo Soriano. A empresa foi buscar os ancestrais da cana, de características mais rústicas, para cruzar com as variedades mais nobres. Essa cana selvagem, originária da Ásia, traz diversas características desejáveis, segundo ele.

A começar por uma raiz mais profunda, que mantém o material reprodutivo da planta debaixo da terra, protegido das agressões externas, como as advindas da colheita mecanizada. Isso faz com que a planta seja mais resiliente ao longo do ciclo. A expectativa do programa de melhoramento da Vertis é que canaviais com a cana energia demandem renovação de área a cada 10 ou 15 anos, ante os cinco anos da cana tradicional.

Neste ano, a GranBio plantou 120 hectares com cana energia em uma fazenda arrendada no município de Teotônio Vilela. Até fevereiro de 2015, a companhia pretende elevar essa área experimental a 1 mil hectares, de acordo com Sérgio Godoy, responsável pelo setor de matéria-prima da GranBio. Em um ano, essas áreas vão estar rendendo as primeiras colheitas, mas em ritmo mais elevado de produção, somente em 2017.

A cana energia dará alguma autonomia de suprimento de matéria-prima à Bioflex – que depende 100% de fornecedores -e a todo o projeto da GranBio, que é implantar quatro usinas de etanol celulósico, duas unidades bioquímicas e duas biorrefinarias flexíveis.

Valor Econômico