Importações brasileiras de óleo diesel foram as menores em 6 anos

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A desaceleração nas vendas de óleo diesel no mercado brasileiro tem, pelo menos, um lado positivo. As importações do derivado ficaram bem mais leves em 2015. Segundo dados divulgados no final da semana passada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), entraram no país pouco mais do que 6,9 bilhões de litros do derivado ao longo do ano passado. Esse é um volume cerca de 38,4% menor do que em 2014 e o menor resultado absoluto em seis anos.

A queda entre 2014 e 2015 ultrapassa a marca dos 4,3 bilhões de litros.

A última vez em que tivemos um nível tão baixo de importação foi em 2009, quando entraram no país pouco mais de 3,5 bilhões de litros do derivado. Sintomaticamente, 2009 foi o último ano no qual o consumo de óleo diesel encerrou o ano com variação negativa – naquele ano houve queda de 2% nas vendas.

O tombo em 2015 coloca fim a uma tendência de crescimento nas importações que já vinha se sustentando, embora com certa irregularidade, pelos últimos cinco anos. Entre 2010 e 2014, as importações cresceram ano a ano com um hiato em 2012.

Embora os números de 2015 não estejam fechados – a ANP ainda não divulgou os dados de dezembro –, no somatório até o mês de novembro as vendas haviam recuado 4,7%. É praticamente certo, portanto, que a queda tenha sido pior que em 2009.

Em termos absolutos, a contração já chega a 2,6 bilhões de litros.

Outros fatores

A queda nas vendas de diesel não são o único fator na hora de explicar as importações menores.

Há o aumento da mistura obrigatória de biodiesel que foi para 6% em julho e para 7% em novembro de 2014.

Considerando as vendas de diesel até novembro – último mês para o qual temos os dados oficiais da ANP – e assumirmos que 100% do volume vendido continha a mistura obrigatória, então, o biodiesel evitou a importação de pouco menos de 3,7 bilhões de litros. Se a mistura tivesse permanecido em B5, o biocombustível nacional teria substituído apenas 2,6 bilhões de litros de diesel importado.

Pelo jeito, a produção de óleo diesel no mercado interno não parece ter ajudado. Segundo a ANP, entre janeiro e novembro, a produção de diesel pelas refinarias brasileiras cresceu pífios 0,1% na comparação com o acumulado de 2014. Em termos reais o crescimento foi de parcos 61 milhões de litros.

Isso apesar da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, ter fabricado 1,9 bilhão de litros em seu primeiro ano de operação. Contudo, das 17 refinarias do Brasil 10 apresentaram redução na produção de diesel até novembro.

A conta do volume só chega perto de fechar quando se computa a redução nas exportações na de óleo diesel. No ano passado, saíram do país 95 milhões de litros contra 457 milhões de litros em 2014.

Mais barato

A redução no volume importado, foi acompanhada de uma queda substancial no valor pago para completar a demanda do mercado brasileiro. No ano passado, a despesa foi de US$ 3 ,4 bilhões – 61% menos que os US$ 8,7 bi importados em 2014.

A diferença se explica pela queda sustentada no preço do barril de petróleo. Na semana passada, a Opep fixou seu preço de referência no valor mais baixo desde 2003.

Com essa tendência de queda, o valor médio pago pelos brasileiros para importar um m³ de diesel recuou 36,4% entre 2014 e 2015. No ano passado, o preço ficou em US$ 481,22.