Mudanças na Petrobras virão depois do pré-sal

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A presidente eleita Dilma Rousseff só fará mudanças na diretoria da Petrobras após a conclusão da votação, pelo Congresso, dos projetos que criam novas regras para a exploração do pré-sal. Na opinião de Dilma e integrantes da equipe de transição, qualquer alteração nesse momento seria um péssimo sinal para o mercado, atrapalharia os projetos de investimentos da estatal pelos próximos anos e daria discurso para a oposição atacar o governo recém eleito, Como a retomada da votação deve ficar apenas para 2011, a atual diretoria da estatal ganha uma sobrevida de pelo menos um ano.

Durante a eleição, foi grande a especulação sobre a saída da diretora de gás e energia da Petrobras, Graça Foster, para assumir um cargo no primeiro escalão do governo federal, como a Casa Civil. Com a definição de que o ministro da Pasta será Antônio Palocci, Graça Foster contínua onde está e seu nome ganha força para substituir, no futuro, José Sérgio Gabrielli na presidência da Petrobras.

Gabrielli pretende disputar o governo da Bahia em 2014, com o apoio do atual governador do Estado, Jaques Wagner (PT). Aliados aconselharam-no a deixar a estatal em 2012 para assumir um cargo em alguma secretaria estadual para "se familiarizar" com a política baiana. Mas ministios próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva consideram essa proposta um erro. Para esses interlocutores, Gabrielli terá mais visibilidade presidindo a maior empresa do país do que "disputando espaço com outros políticos locais".

A permanência do atual presidente no comando da estatal não significa que Gabrielli e Dilma tenham uma relação amistosa. Pessoas próximas a ambos lembram de diversos atritos entre os dois, desde os tempos em que a presidente eleita era ministia de Minas e Energia. Essas divergências se aprofundaram quando Dilma assumiu a Casa Civil.

A única alteração que poderá acontecer no comando da estatal será a saída do atual diretor internacional, Jorge Zelada. Zelada é indicado pelo PMDB e pertence aos quadros da estatal desde 1980. Segundo militantes do PT, nem mesmo o PMDB estaria muito empenhado em manter o apoio a Zelada, o que poderia abrir espaço para uma pressão do PT para preencher a vaga.

A cautela em relação à Petrobras não se repete quanto aos demais setores de energia. Um especialista do setor prevê mudanças profundas no setor elétrico. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), aceita abrir mão da presidência da Chesf, ocupada atualmente por Dilton da Conti, em troca de uma negociação envolvendo cargos no primeiro escalão. Em Furnas, o PT quer diminuir o grau de influência do pemedebista Eduardo Cunha (RJ). Cunha está sendo envolvido em irregularidades na Refinaria de Manguinhos, sediada na capital fluminense.

Na Eletronorte, Dilma quer substituir o atual presidente, Josias Matos de Araújo, por uma mulher, mas o nome está sendo mantido em sigilo. Com forte presença de dirigentes paraenses, a estatal também poderá sofrer outras mudanças, já que Luiz Otávio (PMDB-PA) não se elegeu e Jader Barbalho (PMDB-PA) teve sua eleição impugnada com base na Lei da Ficha Limpa.