"Nova Petrobrás", mais enxuta, terá mudanças a partir de março

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Desenhada desde que Aldemir Bendine assumiu a presidência, a “nova Petrobrás” começará a mudança em seu perfil administrativo a partir de março. Uma das principais transformações é a extinção da área de Gás e Energia, que passará a ser incorporada à diretoria de Abastecimento. A previsão é que até fevereiro o conselho de administração aprove os últimos detalhes da reestruturação da estatal, com o enxugamento de 30% das gerências executivas e intermediárias e mudanças na estrutura de governança.

Comandada por Hugo Repsold, a área tem sido alvo prioritário dos desinvestimentos da estatal, a exemplo da venda de 49% da Gaspetro para a japonesa Mitsui, referente à participação em distribuidoras estaduais de gás. Também estão na lista de ativos em negociação com investidores a Transportadora Associada de Gás (TAG), além de três Fábricas de Fertilizantes (Fafens), que produzem insumos para a agricultura. A diretoria também responde por uma extensa malha de gasodutos e usinas térmicas.

O segmento perdeu relevância para a companhia, que busca enxugar custos e focar na produção de petróleo – deixando de lado a estratégia de atuar como empresa integrada de energia. Outra mudança em “fase avançada” de análise é a incorporação da secretaria executiva, que hoje está ligada à presidência da petroleira, pelo conselho de administração. O tema será discutido na próxima reunião do colegiado, dia 27.

“A ideia é eliminar a redundância”, disse um executivo a par do plano de reestruturação. Serão extintas cerca de 1,8 mil gerências executivas e intermediárias, de um total de seis mil funções gerenciais existentes hoje. Os cortes devem repercutir também nas subsidiárias da estatal, como a Transpetro. O processo foi iniciado em novembro, na empresa responsável pelos serviços de logística da petroleira. Cerca de 100 funções gerenciais foram extintas, com a expectativa de economia anual de R$ 35 milhões.

Novas áreas. Na esteira da reestruturação, foram criadas duas novas gerências executivas na subsidiária, nos segmentos de comercialização e novos negócios ligados à frota marítima e de terminais logísticos. Internamente, o movimento foi visto como um passo para a subsidiária buscar novos clientes e negócios para depois ser vendida, conforme anúncio feito na sexta-feira passada pelo diretor financeiro Ivan Monteiro.

Com a extinção de gerências e áreas de negócio, os funcionários já estão sendo realocados internamente, o que gerou desconforto. Funcionários operacionais especializados, como na área de perfuração e extração, teriam sido deslocados para atividades administrativas após a desmobilização de sondas de perfuração, paradas com a redução da busca de novos poços produtores. Entre os trabalhadores, também há o temor de que a reestruturação afete benefícios e a jornada de trabalho, como proposto no último acordo coletivo da empresa.

O tema ainda é discutido em grupos criados após a greve dos petroleiros. Os temores quanto às mudanças levaram a diretoria a encaminhar comunicado interno, em dezembro, esclarecendo a reestruturação em curso. Procurada, a Transpetro não comentou as mudanças. A Petrobrás confirmou que o processo de reestruturação está em curso, mas não deu detalhes sobre o novo perfil da empresa.

O Estado de S. Paulo