Petrobrás terceiriza parte das refinarias

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A saída da Petrobrás para tornar economicamente viáveis os projetos das duas refinarias Premium no Nordeste, orçadas inicialmente em mais de US$ 30 bilhões, foi terceirizar parte da infraestrutura associada às duas unidades, antes a cargo da estatal. A estratégia salvará alguns bilhões de investimento no curto prazo, mas também representará menos receita futura, segundo fontes que acompanham o projeto.
 
A decisão de abrir mão de ganhos futuros em troca de menos gastos no presente vem sendo repetida num cenário em que a Petrobrás, por um lado, tem o caixa espremido pelo controle de preços de combustíveis e, por outro, sofre pressão para elevar investimentos.
 
A confirmação de construção das refinarias é aguardada com ansiedade pelos governos de Maranhão (Premium 1) e Ceará (Premium 2), por seus investimentos bilionários. As obras foram anunciadas durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, e chegaram a ter cerimônia de lançamento.
 
Mas, em 2012, a Petrobrás, sob gestão de Graça Foster, colocou os projetos na geladeira para revisão, por estarem caros demais. A petroleira contratou no ano passado uma consultoria
americana, Mustang, e conseguiu transformar de negativo para positivo os cálculos de rentabilidade medidos por valor presente líquido.
 
A estratégia, porém, não foi apenas tornar o projeto mais compacto espacialmente, reduzindo dutos e áreas de tancagem, como informou a Petrobrás – mas especialmente terceirizar serviços e infraestrutura. O plano foi apresentado a potenciais parceiros, entre eles a chinesa Sinopec, com quem Petrobrás negocia sociedade. Para parte dos produtos produzidos, a infraestrutura de recolhimento também passará ao cliente que comprar o derivado.
 
O governador do Ceará, Cid Gomes, disse a jornalistas de seu Estado que a Petrobrás decidiu “delegar a outros sujeitos boa parte do que antes estava previsto como responsabilidade sua na refinaria”.
 
Seu governo, por exemplo, absorveu a preparação da infraestrutura de tratamento de água, numa parceria público-privada de R$ 2 bilhões com uma empresa espanhola projetada para servir também ao complexo industrial de Pecém. “Para não dar aquele investimento muito elevado de US$ 11 bilhões, eles tomaram a decisão de abrir para fornecedores de serviços”, disse à imprensa local durante um evento há duas semanas. 
 
No plano plurianual do governo do Maranhão para 2012-2015, a Premium 1 estava orçada em US$ 19,8 bilhões. O orçamento final não é divulgado pela Petrobrás, mas Graça disse em entrevistas esperar a abertura para contratação de fornecedores entre março e abril. A construção das refinarias, porém, ainda não está confirmada, informação que deve sair até abril, na divulgação anual do plano de negócios da empresa. O Estado de S. Paulo 02/02/2014