Presidente da Petrobras defende preços livres dos combustíveis

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O presidente da Petrobras, Pedro Parente, defendeu em evento para investidores em São Paulo, nesta quarta-feira (1), a atuação frequente da estatal nos preços dos combustíveis, acompanhando a volatividade do mercado. “Nós acompanhamos a política de preços diariamente. Quando achamos que está acima ou abaixo da nossa meta, nós tomamos a decisão”, disse.

Para o presidente da Petrobras, a empresa quer preços mais aderentes ao mercado internacional. “Calculamos uma margem que leva em conta fatores como condições e participação no mercado e com base nisso fixamos esses preços”, disse.

A estatal já mudou o preço dos combustíveis cinco vezes desde outubro do ano passado. Na ocasião, a Petrobras anunciou uma nova política de definição do preço dos combustíveis nas refinarias. A cada 30 dias, a estatal avalia seus preços de mercado, considerando fatores como o câmbio e o preço do barril do petróleo.

“Revisamos pelo menos uma vez por mês. Com a volatividade do mercado, temos que atuar mais frequentemente”, disse Parente. 

Segundo ele, o câmbio muda de forma repentina, e é preciso ajustar os preços a essa velocidade. Parente afirmou que a mudança de preços de petróleo e derivados “são coisas da vida”. “Nós não fazemos preços, nós reagimos ao que acontece nos mercados internacionais”, disse.

De acordo com ele, a política de preços praticada com liberdade é condição necessária. “Eu acho que a combinação do modelo de negócios, e essencialmente uma política de preços livre, vai gerar fertilidade para essas parceiras que vamos fazer. Esse modelo de negócios tem que dar a perspectiva de que vai valer a pena investir nessa área. Não creio que seja na linha de proteções, porque acho que essas coisas não funcionam bem”, comentou.

Conforme a avaliação de Parente, a sociedade deve se acostumar com as mudanças frequentes de preços, “como um fato do dia a dia”.

Suspensão do TCU
Em relação à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) em dezembro de determinar a suspensão imediata e temporária do programa de venda de ativos, que deve chegar ao valor de US$ 21 bilhões, previsto para o biênio 2017-2018, até que a estatal atenda algumas de suas recomendações, Parente disse que está dialogando com o tribunal para chegar a uma conclusão.

“Nós já tivemos conversas técnicas com o tribunal, já levamos sugestões de alterações no nosso processo de desinvestimento e eles estão avaliando. Agora depende do tribunal, nosso desejo é que isso seja revertido o mais breve possível”, disse.

Parente deu como exemplo de demanda do tribunal fazer maior publicidade para atrair qualquer outra empresa que, tendo conhecimento do processo, possa participar da compra de ativos. “Nós temos uma estreita relação com o TCU e encaramos como alguém que nos ajuda. Eles têm um nível técnico de qualidade extremamente elevado e as discussões são proveitosas sempre”, disse.

Parente lembrou que o TCU autorizou cinco projetos de venda por estarem em estágio avançado: a participação na Petroquímica de Suape e Citepe; os campos de Baúna e Tartaruga Verde, o campo de Saint Malo no Golfo do México; a fatia da Petrobras Biocombustível na Guarani; e a participação de 49% na Nova Fronteira. “Achamos que isso é uma coisa temporária. Propusemos as mudanças que achamos que podemos fazer para atender às preocupações que eles têm e, em um nível de diálogo muito fluído, achamos que teremos uma solução proximamente”, afirmou.

A Petrobras já atingiu cerca de US$ 13 bilhões em negócios fechados desde 2015 dentro do seu plano de venda de ativos – lançado com o objetivo de abater parte da enorme dívida da estatal. O valor representa cerca de 87% da meta de US$ 15,1 bilhões para o período 2015-2016. 

Leilões
Pedro Parente afirmou que a Petrobras tem interesse em participar de leilões do pré-sal este ano. “Se existirem condições adequadas nesse marco regulatório haverá grande interesse. Certamente vamos olhar todas as áreas e vamos exercer nosso direito de preferência”, disse.

Desalavancagem
A empresa definiu como uma das prioridades a meta de desalavancagem (redução do endividamento) para 2,5 vezes em 2018. A empresa havia divulgado, anteriormente, que essa meta seria para 2020, mas decidiu antecipar o prazo. Em 2016, o indicador estava em 4,1 vezes. Segundo ele, há uma tendência de redução importante.
Metas e resultados

O presidente assegurou que a empresa vai cumprir as metas estabelecidas com disciplina e acompanhamento mensal de resultados, mas sem reduzir a meta de produção.
Segundo ele, a empresa prevê reduzir os custos operacionais em 18% em relação aos custos previstos no cenário básico da estatal, além de implantar novos sistemas de gestão, orçamento base zero e desdobramentos de metas para serem cumpridas com mais disciplina, detalhe e acompanhamento.
Parente disse que a empresa está concluindo o segundo programa de demissão voluntária, totalizando a adesão de 19 mil colaboradores, o equivalente a 20% do quadro de funcionários diretos da companhia existente pré-PDVs.

O presidente da Petrobras ressaltou ainda que foram contabilizados US$ 13,6 bilhões vindos de parcerias e desinvestimentos entre 2015 e 2016 e há previsão de US$ 21 bilhões entre 2017 e 2018.

Parente comemorou as parcerias estratégicas com três empresas internacionais: a Total, a Galp e a Statoil, que, segundo ele, trazem recursos para a estatal e troca de experiências, além de elas possuírem padrão de compliance e integridade na governança.

Parente falou ainda que pretende reduzir em 36% o total de acidentes com e sem afastamento de funcionários. “Não vamos prejudicar as pessoas para atingir a meta da nossa empresa”, disse.

Ações nos EUA
Sobre os processos que a empresa responde perante a Justiça dos EUA, em razão de perdas bilionárias decorrentes das investigações sobre suborno e propina envolvendo a companhia, Parente disse que a estatal está disposta a conversar com as outras partes, “dentro de bases realistas”. “A Petrobras foi vítima desse processo todo que aconteceu, diferente das outras empresas que recentemente fizeram acordos com as autoridades americanas. Não vamos fazer acordo com ninguém que não tenha clareza de que fomos vítimas”, disse.
Parente disse que a empresa fez vários acordos considerados adequados para a companhia, com a possibilidade de se livrar desses temas de forma mais rápida, e aguarda decisão da Corte de Apelações para outros processos.

Permanência na empresa
Questionado se tem prazo para deixar a presidência da Petrobras, Parente negou. “Não tenho prazo para sair. Tem coisas que dependem da gente e coisas que não dependem só da gente. Estou comprometido com a Petrobras, com nossa diretoria e conselho a fazer as coisas que têm que ser feitas e da forma certa”, disse.

Privatização
Parente disse que a privatização não está na agenda da estatal. “A sociedade brasileira ou não quer isso ou não está preparada para a discussão. A Petrobras é uma empresa que é muito querida da sociedade, muito orgulho pelo desenvolvimento ecológico da empresa, pelo fato de sermos capazes de sempre vencermos desafios, até chegamos em terras profundas e ninguém acreditava que isso seria possível. Acho que num contexto em que a sociedade não quer ou que essa discussão não está madura para acontecer, a gente só atrapalharia nosso projeto se a gente falasse desse tema. Não faz parte da nossa agenda”, afirmou.

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