Varejo reduz projeção de vendas no ano pelo 7º mês seguido

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Diante de um cenário de juros elevados, alto endividamento das famílias e taxa de inflação pressionada, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo, pela sétima vez consecutiva, a projeção de aumento no volume de vendas do comércio varejista restrito para este ano, agora de 4% para 3,7%. Caso se confirme a estimativa da CNC, o comércio brasileiro terá o resultado mais fraco desde 2003, quando encerrou o ano com queda de 3,7% no volume de vendas - sendo que, no ano passado, as vendas do varejo subiram 4,3%, quase a metade do observado em 2012 (8,4%). Juliana Serapio, economista da CNC, não descartou nova revisão, novamente para baixo, na estimativa da entidade. Isso porque o cenário até setembro não apresenta sinais de melhora, segundo ela. Ontem, a entidade divulgou mais um indicador que mostra a continuidade no arrefecimento da demanda no setor varejista: a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que mostrou aumento de 0,9% em setembro em comparação com agosto; e queda de 3,4% em comparação com setembro do ano passado. Embora na comparação com mês imediatamente anterior tenha sido a terceira elevação consecutiva, o momento não indica retomada, avaliou Juliana. "O patamar de 2014, de intenção de consumo das famílias, ainda está muito abaixo do observado em 2013. Por isso, não se pode ainda falar em recuperação", afirmou a economista. Dos sete tópicos usados para cálculo do ICF, seis mostraram saldo negativo em setembro, na comparação com igual mês no ano passado. As quedas mais intensas foram observadas nas intenções de compras a prazo (-5,1%) e de duráveis (-11,2%). Além do atual ambiente de juros ainda elevados, menor oferta de crédito e significativo patamar de endividamento das famílias, a especialista lembrou que a inflação em 12 meses, apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), oscila no teto da meta, de 6,5%. Segundo Juliana, um ambiente de preços mais caros desestimula o consumidor a ir às compras. "Nós até tivemos uma deflação [pelos Índices Gerais de Preços - IGPs], o que deu certo alívio, mas durou três meses e foi mais concentrada em alimentos", disse. "Realmente até o momento não vemos sinais de melhora na intenção de consumo do consumidor", afirmou.

Valor Econômico